A noite das bruxas
Certa noite, bateram à porta e uma tranquila dona de casa a abriu, deparando-se com um bando de bruxas chifrudas, que entraram, uma atrás da outra.
Quando a última delas entrou, a dona de casa as contou e viu, em sua sala, havia doze bruxinhas chifrudas rindo e conversando sem parar. Tentou falar, mas percebeu que estava muda: havia sido enfeitiçada. Nisso, uma bruxa lhe eu uma ordem:
— Estou com fome, prepare um bolo.
A dona de casa obedeceu.
Outra lhe disse:
— Estou com sede, mulher, traga-me água do poço.
A dona de casa foi até o poço carregando um balde. Quando se debruçou para apanhar água, ouviu uma voz chamá-la. Era uma noite sem luar e ela não via ninguém. A voz lhe disse:
— Vá até o lado de sua casa que aponta para o Norte e grite três vezes: “A montanha das bruxas pegou fogo!”
Ela cumpriu a ordem. Quando as bruxas ouviram seus gritos, começaram a guinchar e rodopiar. Apanharam as vassouras e sumiram no céu. Então, a dona de casa lembrou-se da voz misteriosa. Quem a teria ajudado? E a voz lhe disse:
— Eu sou o Espírito das Águas. Moro em seu poço e protejo a casa. Não pense que seus problemas acabaram. As bruxas voltarão. Você precisa se preparar. Faça o seguinte: lave os pés de seus filhos numa bacia e depois ponha a bacia com água na soleira da porta. Pegue o bolo em que as bruxas tocaram, dê um pedaço dele a seus filhos e depois ponha-o também na soleira da porta. Por
fim, coloque uma trava de madeira na porta.
As bruxas retornaram na mesma noite. Mas, quando chegaram à soleira da
porta, viram a bacia com a água suja.
— Saia daí, água suja! — gritaram.
— Não posso — respondeu a água. — Derramei na grama, sou de quem me ama.
— Saia daí, trava de madeira!
— Não posso! — respondeu a trava. — Estou trancada, toda atravancada!
— Saia daí, bolo!
— Não posso — respondeu o bolo. — Estou doce e cremoso. Sou todo do menino guloso.
As bruxas desapareceram, mas deixaram cair um manto que ficou pendurado numa cerca. Já se Passaram quinhentos anos e o manto continua guardado num baú secreto, escondido num quarto na casa dessa mesma família.
(História do folclore irlandês)
PRIETO, Heloisa. Lá vem história: contos do folclore mundial. São Paulo: Companhia das letrinhas, 1998, p. 62-3.
2 Soleira: S.f. 1. Peça de madeira ou de pedra que forma a parte inferior do vão da porta e está ao nível do piso.
RESPONDA
1. Quem são as personagens que aparecem na história?
2. Onde se passa a história?
3. O que aconteceu primeiro? E depois? Como acabou a história? (sequência
dos acontecimentos)
4. Encontre no texto os discursos diretos. Atenção a pontuação.
5. Qual o título e o tema da história?
6. Reescreva a história e modifique o seu final.
7. Observe o trecho: "...depois ponha a bacia com água na soleira da porta.", o que significa o verbete soleira no texto.
Até Breve!!
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