quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Práticas Experimentais 7ºA Prof. Leandro

 

Letras Louvando Pelé

Carlos Drummond de Andrade

Pelé, pelota, peleja. Bola, bolão bolaço. Pelé sai dando balõezinhos. Vai, vira, voa, vara, quem viu, quem previu? GGGGoooolll.

Menino com três corações batendo nele, mina de ouro mineira. Garoto pobre sem saber que era tão rico. Riqueza de todos doada na ponta do pé, na junta do joelho, na perna do peito.

É dança. Bailado de ar, bola beijada. A boa bola, bólide, brasil-brincando. A trave não trava, trevo de quatro, de quantas pétalas, em quantas provas, que se contam? Mil e muitas. Mundo.

O gol de letra, de lustre, de louro. O gol de placa, implacável. O gol sem fim, nascendo natural, do nada, do nunca; se fazendo fácil na trama difícil, flóreo, feliz. Fábula.

Na árvore de gols Pelé colhe mais um, romã rútila. No prato de gols papa mais um, receita rara. E não perde a fome? E não periga a força? E não pesa a fama?

Ama.

Ama a bola que o ama, de mordente amor. Os dois combinam, mimam-se, ameigam-se, amigam-se. “Vem comigo”, e entram juntos na meta. Quem levou quem? Onde um termina, e a outra começa, mistura fina.

Saci-pererê, saci-pelelê, só pelé, Pelé, na pelada infantil. Assim se forma um nome curto, forte, aberto. Saci com duas pernas pulando por quatro? Nunca vi. Nem eu. Mas vi. Saci corta o ar em fatias diáfanas, corta os atacantes, os defensores, saci-bola, tatu-bola, roaz, reto, resplandece.

1 O que a afirmação “O gol sem fim, nascendo natural, do nada, do nunca...” expressa?

2 O que o esporte pode representar aos jovens de origem humilde?

3 Com que comparação (e metáfora) Carlos Drummond de Andrade expressa ser Pelé o autor de jogadas mágicas, sobrenaturais?

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