domingo, 30 de agosto de 2020

31/08/20- 8ºC - Orientação de Estudos - Professora Raphaela

 Bom dia pessoal, 

Leiam o conto e respondam às questões no caderno (Copiem somente às questões e respondem-as).


Leia o conto O bilhete do amor, de Elias José.

 

O BILHETE DO AMOR

 

Logo que colocou os objetos embaixo da carteira, Pitu encontrou o bilhete. Leu, ficou vermelho, colocou no bolso, não mostrou pra ninguém. De vez em quando, mordia-lhe uma curiosidade grande, uma vontade de reler pra ter certeza. Era uma revelação que ele não estava esperando. Não podia dizer que estivesse achando ruim, pelo contrário... Ele estava com vontade de olhar para trás, para as últimas carteiras e procurar por uma resposta com o olhar. Era um tímido e não se encorajava. A professora explicava num mapa as regiões do Brasil e ele viajava num rumo diferente. Ainda bem que ela não estava olhando pra ele, nem fazendo perguntas, só estava expondo a matéria. Na hora da verificação, acabaria saindo-se mal. Não gostava de ignorar as coisas perguntadas. Só não se saía muito bem quando se tratava de fazer contas de números fracionários.

A professora mesma dizia-lhe que em Português e matéria de leitura e entendimento ele se saía bem; mas nos cálculos tinha dificuldades. Agora estava distante, pensava em poesias românticas, em música sentimental. Estava meio perdido nos pensamentos confusos. O bilhete queimando no bolso. Uma vontade de rele-lo, palavra por palavra. Interessante, não era um bilhete bem escrito, tinha até erro de Português - por que a curiosidade? Só ele sabia dele, não foi como no dia do correio elegante, pai, mãe e seu Francisco do armazém querendo saber, dando palpites. Agora, tinha um bilhete e era diferente. Tinha um bilhete que trazia uma declaração de amor e uma assinatura. Trazia mais: trazia um convite para um bate-papo na praça, às duas horas, se ele quisesse namorar de verdade. Marina era bonitinha, ele queria. Falta-lhe jeito de dizer, tinha que escrever um bilhete respondendo, era mais fácil. No intervalo, escreveu o bilhete, fechado no banheiro. Quando ela chegou, a resposta a esperava na carteira. Quase no fim da aula, ele criou força e olhou para trás. Marina sorria, confirmando. Ele sorria também. Diversas vezes, ele olhou pra trás e a encontrou olhando. Trocaram sorrisos e olhares. Os dois estavam vivendo uma ternura primeira e não sabiam escondê-la mais. Tanto assim que a professora pediu que ele virasse pra frente, observasse o que ela estava pedindo pra pesquisa do fim de semana. Naquele fim de semana, ele iria pesquisar alguma coisa nova que não tinha experimentado, como alguns outros de sua idade e turma.

 

Elias José. O bilhete do amor. In: Histórias de amor. Coord. José Paulo Paes.

São Paulo: Ática, 1997. p. 109-111. v. 22. (Para Gostar de Ler).

 

 

 

 

1. Como faz a fotografia, é próprio do gênero conto flagrar um momento especial na vida de um personagem. 

a) Quem é o personagem em foco?

b) Que momento especial é esse?

 

2. Em uma narrativa, quem narra a história se chama narrador, que pode ser o próprio personagem ou não.

TIPOS DE NARRADOR

As histórias podem ser narradas pelo próprio personagem ou por alguém de fora, que não participa dos acontecimentos.

No caso de um narrador personagem, temos uma narrativa em 1ª pessoa. Verbos e pronomes estão na primeira pessoa do singular. Neste caso, a história é narrada do ponto de vista do narrador, que interpreta, à sua maneira, os acontecimentos de que participa. 

 

Exemplo: 

"Nasci na taba duma tribo tupinambá. Sei que foi numa meia-noite clara, de lua cheia. Minha mãe viu que eu era magro e feio."
(Erico Verissimo. As aventuras de Tibicuera)
 


Quando o
 narrador é alguém de fora da história, temos uma narrativa em 3ª pessoa. Verbos e pronomes estão na terceira pessoa. 

 

Exemplo: 

"Agora (Pitu) estava distante, pensava em poesias românticas, em música sentimental. Estava meio perdido nos pensamentos confusos." 


Releia este trecho do conto:
 

Logo que colocou os objetos embaixo da carteira, Pitu encontrou o bilhete. Leu, ficou vermelho, colocou no bolso, não mostrou pra ninguém. 


a) Identifique os verbos no trecho e grife-os.

b) Quem narra esse momento especial de Pitu é o próprio personagem? Justifique-se. 

c) Se o narrador fosse o próprio personagem, como ficariam esses verbos? 

d) Quais são as ações descritas no trecho? 

e) Em que lugar se passam essas ações? Retire do trecho a justificativa de sua resposta. 

f) Os colegas de Pitu e a professora poderiam ver essas ações de Pitu? Por quê? 

 

3. Observe outro trecho do mesmo conto. 

De vez em quando, mordia-lhe uma curiosidade grande, uma vontade de reler pra ter certeza. Era uma revelação que ele não estava esperando. Não podia dizer que estivesse achando ruim, pelo contrário... Ele estava com vontade de olhar para trás, para as últimas carteiras, e procurar por uma resposta com o olhar.

a)
 Nesse trecho, as ações também podem ser vistas? Por quê? 

b) O que elas revelam? 


4.
 O conto termina com esta frase: 

Naquele fim de semana, ele iria pesquisar alguma coisa nova que não tinha experimentado, como alguns outros de sua idade e turma. 


O que seria a coisa nova que Pitu iria pesquisar naquele fim de semana?
 

 

 


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