Língua Portuguesa – 7º ano – 1º
bimestre
O texto abaixo é um trecho de uma reportagem sobre um
disco brasileiro desprezado no seu lançamento, mas que obteve sucesso e
reconhecimento no início de 2000. Leia-o com atenção para responder às questões
1 a 5.
O disco de MPB esnobado em 1973
que virou cult no rap americano atual
Em agosto do ano passado, durante
um garimpo esporádico em um bazar de bairro em Osasco, na Grande São
Paulo, o estudante Pedro (nome fictício) não acreditou quando viu, intacto
dentro de uma caixa perdida de discos de vinil, o LP Arthur Verocai, gravado pelo maestro e arranjador carioca de mesmo
nome e lançado pela extinta Continental no final de 1972.
[...]
"Ninguém pode saber
que eu tenho esse disco do Arthur Verocai, porque não teria sossego se
soubessem", conta ele que, por isso, pediu para não ter seu nome
verdadeiro revelado nesta reportagem.
[...]
A preocupação faz algum
sentido: por quatro décadas, as poucas cópias originais do vinil de Verocai
eram encontradas em bazares semelhantes ao que Pedro comprou o seu. Mesmo
quando foi lançado, [...] o LP vendeu tão pouco que a Continental logo o tirou
das lojas para encher as prateleiras com mais versões do disco dos Secos &
Molhados, sensação daquele ano.
[...]
Verocai, que ganhava a
vida como arranjador e maestro, ainda teve que conviver com certo desprezo dos
clientes pela obra encalhada. "Quando me davam algum trabalho, me diziam:
'Tenta não repetir aquela loucura que você fez no seu disco, hein?'",
conta hoje o músico, em entrevista à BBC News Brasil.
Hoje, 46 anos depois, o
disco traz outras "dores de cabeça" a Verocai: virou sucesso entre rappers europeus e americanos desde a
metade dos anos 2000.
[...]
MENDES, Vinicíus. O disco de MPB esnobado em 1973 que virou cult no rap americano atual. BBC News
Brasil. São Paulo, 26 ago. 2018. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-45228749>.
Acesso em: 19 out. 2018.
Glossário
Cult: que é cultuado nos meios
artísticos.
Esporádico:
que não é muito frequente.
Questão 1
Neste trecho inicial da reportagem, é possível
perceber que o assunto central tratado é:
a) A busca de um
estudante por discos raros de vinil.
b) O fracasso do
disco de Arthur Verocai lançado na década de 1970.
c) A valorização
recente do disco desprezado de Arthur Verocai.
d) A dificuldade de
encontrar o LP Arthur Verocai para
comprar.
Questão 2
Leia:
Hoje, 46 anos depois, o
disco traz outras "dores de cabeça" a Verocai: virou sucesso entre rappers europeus e americanos desde a
metade dos anos 2000.
a) Com base na leitura do texto, explique o uso de aspas
nesse trecho.
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b) Além da questão
do sucesso entre rappers europeus e
americanos, qual é a outra “dor de cabeça” trazida pelo disco e apresentada
anteriormente na reportagem?
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Questão 3
Releia este trecho.
"Ninguém pode saber
que eu tenho esse disco do Arthur Verocai, porque não teria sossego se soubessem."
O verbo sublinhado está no pretérito perfeito do
subjuntivo. Explique por que é usado nesse contexto.
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Questão 4
Leia.
Verocai, que ganhava a
vida como arranjador e maestro, ainda teve que conviver com certo desprezo dos
clientes pela obra encalhada.
Qual das frases a seguir apresenta um pronome com
sentido similar ao que o pronome certo tem na frase anteriormente
citada?
a) “Ninguém pode
saber que eu tenho esse disco do Arthur Verocai.”
b) “A preocupação
faz algum sentido.”
c) “O LP vendeu tão
pouco que a Continental logo o tirou das lojas.”
d) “Hoje, 46 anos
depois, o disco traz outras "dores de cabeça" a Verocai.”
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Questão 5
Releia o
primeiro parágrafo da reportagem e selecione dois adjetivos que reforçam a
sorte de Pedro ao encontrar o disco. Justifique sua resposta.
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O texto a seguir é uma crônica do escritor modernista
Alcântara Machado e foi incluído no livro As
cem melhores crônicas brasileiras. Leia-o com atenção e responda às
questões 6 a 10.
Genialidade brasileira
Confusão. Sempre confusão.
[...] Lado a lado todas as épocas, todas as escolas, todas as matizes. Tudo
embrulhado. Tudo errado. E tudo bom. Tudo ótimo. Tudo genial.
Olhem a mania nacional de
classificar palavreado de literatura. Tem adjetivos sonoros? É
literatura. Os períodos rolam bonito? Literatura. O final é pomposo?
Literatura, nem se discute. Tem asneiras? Tem. Muitas? Santo Deus. Mas são grandiloquentes?
Se são. Pois então é literatura e de melhor. Quer dizer alguma coisa? Nada.
Rima, porém? Rima. Logo é literatura.
O Brasil é o único país de
existência geograficamente provada em que não ser literato é
inferioridade. [...] E toda gente pensa
que fazer literatura é falar ou escrever bonito. Bonito entre nós às vezes quer
dizer difícil. Às vezes tolo. Quase sempre eloquente.
O cavalheiro que encerra a
sua oração com um “Na antiga Roma” [...] é orador. Orador, só? Não. Orador de
gênio. O cavalheiro que termina seu soneto com um Ó sol! É raio! Ó luz! Ó nume!
Ó astro! É poeta. Também genial. E assim por diante.
[...]
Essa falsa noção da
genialidade brasileira é a mesma do Brasil, primeiro país no mundo. Não há
cidadão perdido em São Luiz do Paraitinga ou São João do Rio do Peixe que não
esteja convencido disso. E porque o Brasil é o campeão do universo e o
brasileiro o batuta da terra, tudo quanto aqui nasce e existe há de ser
forçosamente o que há de melhor neste mundo de Cristo e de nós também. Todos os
adjetivos arrebatados e apoteóticos são poucos para tamanha grandeza e tamanha
lindeza. Ninguém pode conosco. Nós somos os cueras mesmo.
Qualquer coisinha assume
aos nossos olhos [...] proporções magnificentes, assustadoras, insuperáveis,
nunca vistas. O Brasil é o mundo. O resto é bobagem. [...] O universo inteiro
nos contempla. Êta nós!
É por isso que seria
excelente de vez em quando [...] um pouco de água gelada nesta fervura auriverde.
Para que o [...] brasileiro caia na realidade. E deixe-se dessa história de
gênio, grandeza, importância e riquezas incomparáveis que é bobagem.
E não é verdade.
MACHADO, Alcântara. As
cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. p. 72-73.
Glossário
Palavreado: escrita
com excesso de palavras e pouco conteúdo.
Pomposo: que
é muito enfeitado, pretensioso.
Grandiloquentes:
que têm estilo exagerado.
Literato:
escritor.
Eloquente:
que é expressivo.
Batuta:
que é capaz, competente.
Cueras:
valentes, destemidos.
Auriverde:
verde e amarelo.
Qual parece ser a intencionalidade do cronista ao
produzir esse texto? Justifique sua resposta com elementos da crônica.
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Questão 7
Qual é a razão da repetição do pronome no trecho “Tudo
embrulhado. Tudo errado. E tudo bom. Tudo ótimo. Tudo genial”?
a) É um recurso
intencional para intensificar a ideia de confusão enunciada no começo do
parágrafo.
b) Ocorre pois o
autor não foi capaz de encontrar sinônimos que evitassem essa repetição.
c) Tem como principal
função dar sonoridade e ritmo ao trecho.
d) Não apresenta
nenhuma lógica na ordem dos adjetivos presentes depois da palavra tudo.
Questão 8
Leia:
“Olhem a mania nacional de classificar palavreado de literatura.”
A forma
verbal olhem está no modo imperativo. Por que esse modo foi
empregado na frase?
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Releia:
“O Brasil é o mundo. O
resto é bobagem.”
Explique de que maneira a ironia presente nesse
trecho é usada para enfatizar a ideia central do texto.
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questão 10
A maior parte dos verbos da crônica está no presente
ou no pretérito? Por que isso ocorre?
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Caralho quanta lição
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