O vendedor de pérolas Denyse Cantuária
Era um menino de cabelos arrepiados pelo vento marinho e olhos acesos a procurar novidades em tudo. Usava roupas encardidas de tanto passar as mãos nelas, enquanto os pés, chatos como salamandras, andavam pelo lamaçal do cais do porto. A ilha onde ele morava tinha caminhos feitos com toras de madeira empilhadas e amarradas por cordas, impedindo a vontade da natureza de escorrer terra adentro. Uma espécie de parede construída para observar e receber os barcos que chegavam. Miraldo ouvia sempre a mesma lenga-lenga dos trabalhadores do lugar: - Oh menino! Tu tens pés que mais parecem nadadeiras de tubarão de tanto andar descalço nesses lamaceiros de escamas de peixe e sal. Anda a procurar um sapato, vai! O que o garoto retrucava: - Como comprarei sapatos? O pouco que ganho com as moedas recebidas em troca das sacolas carregadas até os carros nem compram um peixe grande para alimentar meus irmãos! Dito isto, ganhava dos homens do cais alguns peixes pequenos a serem levados para a família. Enquanto o dinheiro para os sapatos tão desejados... nunca chegava! CANTUÁRIA, Denyse. O vendedor de pérolas. São Paulo: Noovha América, 2010. p. 5-6. 6EF_22ED_LP_REVISAO_2.indd 2 26/04/2019 11:14:15
Questão 01
No texto, os trabalhadores deram um tipo de ordem a Miraldo. O trecho que indica isso é:
(A) “Oh menino!”. (B) “Como comprarei sapatos?”. (C) “Anda a procurar um sapato, vai!”. (D) “[...] sapatos tão desejados... nunca chegava!”.
Questão 02
Para conseguir moedas, Miraldo
(A) caminhava pelo lamaçal do cais do porto. (B) conversava com os trabalhadores do local. (C) andava sem sapatos e com roupas encardidas. (D) carregava sacolas de compras até os carros.
Leia os textos I e II e responda às questões 03 e 04.
Texto I
A inveja dos nomes Orígenes Lessa Vira-lata sou. Cão sem dono. Esta condição de cão sem dono foi um dos complexos da minha vida longo tempo. Sem dono e sem nome. Filho de pai desconhecido [...] cresci ao acaso das ruas. Não me lembro muito da primeira infância. Pela contagem dos homens devo ter doze ou quatorze anos, sou quase um velho. Pelo menos foi isso o que ouvi, não faz muito, de dois caras que me observavam com ar de entendidos. Um deles dizia:
Esse bicho é velho pra cachorro! Olhei com desprezo os dois infelizes. Idade não se mede pelo tempo vivido [...], mas pelo desgaste deixado. Eu sou o mesmo que era há não sei quanto tempo. A mesma disposição, a mesma alegria, a mesma coragem na luta pela comida difícil, a mesma rapidez no revólver uma lata do que os homens chamam de lixo [...]. Tenho a mesma ligeireza no fugir ao fantasma das carrocinhas 1 que têm levado tantos dos nossos irmãos para destinos incertos. A mesma capacidade de evitar os colegas atacados pela raiva, que eu tão cedo aprendi, nos dias longínquos da inexperiência, quando ainda me agoniava por não ter nome nem dono. [...]
.
A Inveja dos nomes. In Confissões de um Vira-Lata. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d. p. 20-21.
Texto II
Disponível em:
No texto, a palavra “nele”, está se referindo a (A) pé. (B) galho. (C) pássaro. (D) caçador. Leia os Textos I e II e responda à
questão 06.
Texto I Disponível em:
Questão 10
no trecho “Olha! Tem um louco lá dentro [...]”, a parte em destaque se refere
(A) a avião. (B) à cabine. (C) a bagageiro. (D) à condução.
Leia o texto e responda à questão 11.
Foi na estação das águas que Antônio chegou. Dizem que nasceu antes do tempo6 . Pediram galinhas gordas emprestadas aos vizinhos. Secaram suas roupas no canto do fogão. Jogaram seu umbigo na correnteza. Nasceu tão fraco que recebeu o batismo em casa, na correria, sem festas. Para padrinhos, escolheram casal de amigos bem próximos, com muitas desculpas. A morte sem batismo condenaria o menino, mesmo inocente, a viver eternamente no limbo, lugar sem luz. Enrolado em mantas de franjas bordadas com pontos e cores, todos desejavam ver aquele menino – fruto temporão7 – dormindo no canto do catre8 da mãe. Mas Antônio, como se ainda submerso num mundo anterior ao nosso, desconhecia as visitas. [...] QUEIRÓS, Bartolomeu Campos de. Indez. São Paulo: Global, 2004. p. 10. 6 - “nasceu antes do tempo”: nasceu antes dos nove meses, nasceu prematuro. 7 - “fruto temporão”: fruto que nasce fora da época. - Catre: espécie de cama, leito simples.
Questão8 11 “Fruto temporão” é característica (A) da mãe. (B) das visitas. (C) do menino. (D) dos padrinhos.
Leia o texto e responda à questão 12.
Prisioneiros da Selvas Francisco Marins Não posso me esquecer das grandes emoções daquele dia em que, em meio a terrível tempestade, eu, Perova e o indiozinho Pixuíra escapamos de morrer afogados, bem em frente da serra fantástica, que meu tio Juvenal tanto procurara, e onde afinal ficou sepultado para sempre!... Com ele, para o fundo das águas agitadas, também se fora o velho e misterioso índio Muiraquitã! Eu, Perova e Pixuíra dentro do frágil barco fomos arrastados horas e horas, pela correnteza [...]. Quando pudemos reestabelecer a calma procuramos nos orientar. Onde estávamos? Para onde seguíamos? Era impossível saber. [...] MARINS, Francisco. Prisioneiros das Selvas. In _____. Volta à Serra Misteriosa. São Paulo: Melhoramentos, 1978. p. 15.
Questão 12
No texto, o uso dos pontos de interrogação indica (A) raiva. (B) alegria. (C) incerteza. (D) entusiasmo
Nenhum comentário:
Postar um comentário