Texto: Teatro e escola: o papel de educar
O texto é do gênero dissertativo-argumentativo. Sua estrutura se divide
em:
Introdução
Que apresenta o assunto e o
posicionamento do autor. Ao se posicionar, o autor formula uma tese ou a ideia principal do texto.
Teatro e escola, em princípio, parecem
ser espaços distintos, que desenvolvem atividades complementares diferentes. Em
contraposição ao ambiente normalmente fechado da sala de aula e aos
seus assuntos pretensamente "sérios" , o teatro se configura
como um espaço de lazer e diversão. Entretanto, se examinarmos as origens
do teatro, ainda na Grécia antiga, veremos que teatro e escola
sempre caminharam juntos, mais do que se imagina.(tese)
Desenvolvimento
Formado pelos parágrafos que
fundamentam a tese. Normalmente, em cada parágrafo, é apresentado e desenvolvido um argumento.
Cada um deles pode estabelecer relações
de causa e efeito ou comparações entre situações, épocas e lugares
diferentes, pode também se apoiar em depoimentos ou citações de pessoas especializadas
no assunto abordado, em dados estatísticos, pesquisas, alusões históricas.
O teatro grego apresentava uma função eminentemente pedagógica. Com sua
tragédias, Sófocles e Eurípides não visavam apenas à diversão da plateia
mas também, e sobretudo, pôr em discussão certos temas que dividiam a
opinião pública naquele momento de transformação da sociedade grega.
Poderia um filho desposar a própria mãe, depois de ter assassinado o pai
de forma involuntária (tema de Édipo Rei)? Poderia uma mãe assassinar os filhos
e depois matar-se por causa de um relacionamento amoroso (tema de Medeia e
ainda atual, como comprova o caso da cruel mãe americana que, há alguns
anos, jogou os filhos no lago para poder namorar livremente)?
Naquela sociedade, que vivia a transição dos valores
místicos, baseados na tradição religiosa, para os valores da polis, isto
é, aqueles resultantes da formação do Estado e suas leis, o
teatro cumpria um papel político e pedagógico, à medida que punha
em xeque e em choque essas duas ordens de valores e apontava
novos caminhos para a civilização grega. "Ir ao teatro", para os
gregos, não era apenas uma diversão, mas uma forma de refletir sobre o
destino da própria comunidade em que se vivia, bem como sobre valores coletivos
e individuais.
Deixando de lado as diferenças obviamente existentes em torno
dos gêneros teatrais (tragédia, comédia, drama), em que o teatro
grego, quanto a suas intenções, diferia do teatro moderno? Para
Bertold Brecht, por exemplo, um dos mais significativos dramaturgos modernos, a
função do teatro era, antes de tudo, divertir. Apesar disso, suas peças
tiveram um papel essencial pedagógico voltadas para a
conscientização de trabalhadores e para a resistência política na Alemanha
nazista dos anos 30 do século XX.
O teatro, ao
representar situações de nossa própria vida - sejam elas engraçadas,
trágicas, políticas, sentimentais, etc. - põe o homem a nu, diante de si
mesmo e de seu destino. Talvez na instantaneidade e na fugacidade do
teatro resida todo o encanto e sua magia: a cada representação, a vida
humana é recontada e exaltada. O teatro ensina, o teatro é escola.
É uma forma de vida de ficção que ilumina com seus holofotes a vida real,
muito além dos palcos e dos camarins.
Conclusão
Que geralmente retoma a tese, sintetizando
as ideias gerais do texto ou propondo soluções para o problema discutido.
Mais raramente, a conclusão pode vir na forma de interrogação ou representada
por um elemento-surpresa. No caso da interrogação, ela é meramente retórica e
deve já ter sido respondida pelo texto. O elemento
surpresa consiste quase sempre em uma citação científica, filosófica ou
literária, em uma formulação irônica ou em uma ideia reveladora que surpreenda
o leitor e, ao mesmo tempo, dê novos significados ao texto.
Que o teatro seja uma forma alternativa de
ensino e aprendizagem, é inegável. A
escola sempre teve muito a aprender com o teatro, assim como este, de certa
forma, e em linguagem própria, complementa o trabalho de gerações de
educadores, preocupados com a formação plena do ser
humano. (conclusão)
Quisera as aulas também pudessem ter o
encanto do teatro: a riqueza dos cenários, o cuidado com os figurinos, o
envolvimento da música, o brilho da iluminação, a perfeição do texto e a
vibração do público. Vamos ao teatro! (elemento-supresa)
(Teatro e escola: o papel do educador: Ciley Cleto, professora de
Português).
Atenção: a linguagem do texto
dissertativo-argumentativo costuma ser impessoal, objetiva e denotativa. Mais
raramente, entretanto, há a combinação da objetividade com recursos poéticos,
como metáforas e alegorias. Predominam formas verbais no presente do
indicativo e emprega-se o padrão culto e formal da língua.
O Parágrafo
Além da estrutura global do texto dissertativo-argumentativo, é
importante conhecer a estrutura de uma de suas unidades básicas: o
parágrafo.
Parágrafo é uma unidade de texto
organizada em torno de uma ideia-núcleo, que é desenvolvida
por ideias secundárias. O parágrafo pode ser formado por uma ou mais
frases, sendo seu tamanho variável. No texto dissertativo-argumentativo,
os parágrafos devem estar todos relacionados com a tese ou ideia
principal do texto, geralmente apresentada na introdução.
Embora existam diferentes formas de organização de parágrafos, os textos
dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalísticos apresentam uma
estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em três partes: a
ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem a
ideia-núcleo), a conclusão. Em parágrafos curtos, é raro
haver conclusão.
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